Chefe de gabinete pede reembolso à Câmara após visita a casa de strip
Viagem reembolsada causou exoneração de assessor de Filipe Barros.
O chefe de gabinete do deputado federal Filipe Barros (PL), Bruno Cardoso Araújo, foi exonerado nesta terça-feira (29) após solicitar reembolso de uma viagem em Uber para a Câmara dos Deputados, feita de um estabelecimento de entretenimento adulto em Londrina.
O pedido de reembolso, que teve valor de R$ 15,47, causou repercussão depois que a nota revelou que o trajeto foi realizado na madrugada do dia 6 de março, saindo de uma casa de strip localizada na rua Recife até o hotel onde Araújo estava hospedado, por volta das 4h55.
Após a repercussão do caso, Araújo foi desligado de suas funções. O deputado Filipe Barros, em resposta oficial, afirmou não compactuar “de forma alguma com a situação” e determinou a imediata restituição dos valores solicitados, além da exoneração do chefe de gabinete. Barros, que estava em missão fora do país na data do ocorrido, afirmou que a decisão foi tomada com base na gravidade dos fatos.
Posicionamento do ex-chefe de gabinete
Araújo confirmou o desligamento e explicou que o reembolso foi solicitado por “ato falho”, pois estava em Londrina a trabalho. “Fora do horário de expediente, utilizei o aplicativo de transporte e, por engano, solicitei o reembolso junto aos demais recibos de transporte”, declarou, complementando que devolveu o valor à Câmara ao perceber a repercussão do caso. Ele ocupava o cargo de chefe de gabinete com salário bruto de R$ 22.362,12.
Uso da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP)
A solicitação de reembolso foi feita por meio da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP), verba que os deputados utilizam para despesas inerentes ao exercício do mandato. Instituída para centralizar gastos como passagens aéreas, alimentação, aluguel de veículos e combustíveis, a CEAP também cobre despesas de transporte de assessores a trabalho. Até outubro deste ano, Filipe Barros gastou R$ 362.296,21 em atividades parlamentares.
A Câmara dos Deputados informou que a autenticação dos documentos fiscais da CEAP verifica apenas a autenticidade dos gastos, a compatibilidade com o que é permitido e o limite de saldo disponível. Em casos de transporte como Uber e táxi, também se verifica se o uso foi feito pelo próprio parlamentar ou por sua equipe de assessoria.
Repercussão e medidas administrativas
O caso do chefe de gabinete suscitou discussões sobre o uso da cota parlamentar e a falta de revisão detalhada das solicitações de reembolso. O deputado Filipe Barros defendeu a exoneração como uma medida necessária, enfatizando que “qualquer uso indevido de recursos públicos deve ser combatido” e que “medidas rigorosas foram tomadas para corrigir o ocorrido”.
A situação também levantou questionamentos sobre os critérios de uso da CEAP e a fiscalização desses recursos, especialmente em relação aos reembolsos que envolvem atividades fora do expediente e em contextos não diretamente ligados à função parlamentar. A Câmara esclareceu que, embora os técnicos analisem a documentação fiscal, a verificação de contextos específicos, como o tipo de estabelecimento frequentado, não é prática usual.