Chefe do Cartório Eleitoral de Rolândia denuncia abuso policial em abordagem
Mário José Bannwart, chefe do Cartório Eleitoral de Rolândia, relata abordagem violenta da Polícia Militar em mercearia local e registra boletim de ocorrência.
Na última sexta-feira (25), o analista judiciário Mário José Bannwart relatou ter sido vítima de uma abordagem agressiva e abusiva por parte da Polícia Militar em Rolândia. Segundo Mário, ele e sua esposa estavam em um estabelecimento comercial da região, comemorando com uma funcionária que havia obtido sua carteira de motorista. Por volta das 21h30, o local foi surpreendido pela chegada de várias viaturas da Polícia Militar, em uma ação inicialmente voltada a uma abordagem no quarteirão próximo.
De acordo com Mário, a situação rapidamente escalou. Ele descreve que os policiais chegaram ao local “alterados, gritando e xingando”, ordenando que todos se deitassem no chão. Mário tentou apaziguar a situação, mas foi surpreendido com uma agressão física e imobilizado.
“Um policial veio por trás e me deu um mata-leão, me jogou no chão e pisou nas minhas costas, enquanto me xingava”, contou.
Sua esposa também foi alvo de tratamento semelhante ao tentar registrar a ação em uma foto. Ao perceber que ela havia documentado o ocorrido, uma policial tomou seu celular e a algemou.
Detenção e justificativas policiais
Após a abordagem, a esposa de Mário foi conduzida ao 15º Batalhão da Polícia Militar de Rolândia. Segundo o relato de Mário, ele não foi autorizado a acompanhar sua esposa e precisou buscar apoio de um advogado. A Polícia Militar registrou a ocorrência, mencionando que a esposa de Mário foi algemada “para evitar risco de fuga”, versão que ele contesta.
“Como haveria risco de fuga, se estávamos no chão e cercados por viaturas?”, questiona. Foi estipulada fiança de R$ 1.400, e ela foi liberada por volta das 3h da madrugada.
Contexto social e local da ocorrência em Rolândia
O incidente ocorreu em uma mercearia da região de São Fernando, área que Mário descreve como de comércio licenciado, frequentada por trabalhadores locais. Ele destacou que a abordagem policial refletiu um tratamento preconceituoso em relação à área e seus moradores, sugerindo que a presença policial foi marcada por uma discriminação regional.
“Parece que a região é vista como um lugar onde só há pessoas ruins, o que não é verdade. Ali há gente trabalhadora que rala para sobreviver”, afirmou.
Providências e denúncia
Após o ocorrido, Mário se dirigiu à delegacia de Rolândia para registrar um boletim de ocorrência, acompanhado de seu advogado. Ele relatou que irá reunir provas e testemunhas para contestar o boletim registrado pela equipe policial, que ele acusa de conter informações manipuladas para justificar a abordagem agressiva.
“Nenhum ser humano merece um tratamento como o que recebemos ali, independente da classe social ou localização”, afirmou.
A Polícia Militar do Paraná ainda não se pronunciou sobre o incidente em Rolândia. O caso deve seguir para avaliação judicial, enquanto Mário e sua defesa buscam uma investigação detalhada dos procedimentos adotados pela equipe policial durante a abordagem.