Encontro do G20 no Rio discute fome, clima e conflitos globais
Cúpula reúne maiores economias do mundo com foco em desigualdade.
A cúpula do G20, que reúne as maiores economias do mundo, começou nesta segunda-feira (18) no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro. Pela primeira vez realizado no Brasil, o evento ocorre sob a presidência temporária do país, que lidera o grupo desde o final de 2023.
O encontro do G20 se estende até terça-feira (19) e reúne chefes de Estado dos 19 países membros, além da União Europeia e da União Africana, que foi incorporada ao grupo em 2023. Entre os convidados estão Espanha, Chile, Colômbia e Angola. O evento marca o encerramento dos trabalhos conduzidos pelo Brasil na liderança do grupo, com foco em temas como combate à fome, transição energética e governança global.
Prioridades brasileiras no G20
A presidência brasileira apostou em pautas de convergência, como combate à fome e à desigualdade, evitando questões polarizadoras como os conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio. A principal entrega esperada é o lançamento da Aliança Global Contra a Fome, liderada pelo presidente Lula. O mecanismo busca facilitar o acesso de países em desenvolvimento a financiamento e políticas públicas para a redução da fome e pobreza.
A diplomacia brasileira também defende uma taxação global sobre grandes fortunas e os “super-ricos” para financiar essas políticas. Embora o documento final da cúpula mencione essa proposta, há resistência por parte da Argentina, liderada pelo presidente Javier Milei.
Outras prioridades incluem a reforma da governança global, com maior inclusão de países emergentes em fóruns como a ONU, e a promoção de energias renováveis.
Papel de Milei e desafios diplomáticos
O presidente argentino, Javier Milei, tem adotado posições divergentes em fóruns globais, o que pode dificultar a obtenção de consensos. Recentemente, a Argentina recusou-se a assinar documentos sobre igualdade de gênero e direitos indígenas, argumentando que tais temas entram em uma “pauta de costumes”.
Além disso, Milei tem alinhado sua agenda com a de Donald Trump, recém-eleito presidente dos Estados Unidos, com quem se reuniu antes da cúpula. Sua postura pode influenciar debates sobre mudanças climáticas e transição energética, temas em que Milei tem evitado compromissos mais assertivos.
China e EUA no cenário global
Com a vitória de Trump, os Estados Unidos devem adotar um papel mais avesso ao multilateralismo, criando um espaço para que a China assuma maior protagonismo em fóruns globais.
O presidente chinês, Xi Jinping, destacou em artigo recente a importância de “desenvolvimento verde e de baixo carbono”. Após o G20, Xi terá um encontro bilateral com Lula em Brasília, reforçando os laços comerciais e diplomáticos entre os dois países.
Conflitos em Gaza e Ucrânia dominam discussões
A guerra na Ucrânia e os conflitos no Oriente Médio são pontos sensíveis para a redação do comunicado final do G20. Na última cúpula, em Nova Déli, o grupo evitou condenações diretas à Rússia, adotando uma abordagem mais neutra.
No Rio, a presença do ministro russo Sergei Lavrov e as recentes ações de Biden, autorizando o uso de mísseis de longo alcance pela Ucrânia, devem intensificar o debate. Paralelamente, países como Turquia e Arábia Saudita devem pressionar por uma posição mais firme em relação aos ataques de Israel a Gaza.
Esquema de segurança e projeção do Brasil
Cerca de 25 mil agentes, incluindo 8 mil das Forças Armadas, estão envolvidos no esquema de segurança no Rio de Janeiro. Apesar de recentes casos de violência urbana no país, o Brasil busca se posicionar como um anfitrião confiável para encontros globais.
O G20 no Rio representa uma oportunidade para o Brasil reforçar sua liderança internacional, em um momento marcado por tensões geopolíticas e desafios globais.