Gaeco investiga vereador de Cornélio Procópio por fraude no SUS
Mandados de busca apontam uso de cargo público para burlar fila de exames.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) cumpriu, nesta terça-feira (5), três mandados de busca e apreensão em Cornélio Procópio, norte do Paraná, contra um vereador suspeito de utilizar seu cargo público para interferir na fila de exames da rede pública de saúde. A ação investiga a suposta prática de improbidade administrativa para autopromoção do parlamentar, que está em exercício de mandato e teria, segundo o Ministério Público (MP), utilizado o sistema público em benefício próprio e de aliados.
As ordens judiciais foram executadas em três locais: a residência do vereador, o gabinete dele na Câmara Municipal e a casa de uma assessora envolvida no caso. A operação faz parte de uma investigação conduzida pelo MP, que suspeita da personalização indevida dos serviços públicos, prejudicando a coletividade e, possivelmente, beneficiando eleitores e apoiadores do vereador. Em comunicado, o promotor de Justiça Erinton Cristiano Dalmaso destacou a gravidade do caso:
“Esse tipo de conduta fere os princípios da administração pública, pois usa serviços essenciais para ganhos pessoais e eleitorais.”
Entenda as acusações de improbidade administrativa
De acordo com o MP, o vereador teria abusado do cargo para garantir acesso privilegiado aos serviços de saúde, como exames e consultas do Sistema Único de Saúde (SUS), um sistema já sobrecarregado em muitos municípios. Essa prática configura improbidade administrativa, por promover interesses pessoais com uso indevido da máquina pública.
As investigações preliminares apontam que o vereador pode ter atuado para favorecer eleitores com acesso prioritário a exames, uma prática que configura “personalização de serviço público” e desvio de finalidade. Segundo o MP, a possível manipulação da fila de espera configura um ato lesivo aos demais pacientes que aguardam por atendimento conforme os critérios do SUS.
Operação do Gaeco em locais estratégicos
Os agentes do Gaeco cumpriram os mandados em locais estratégicos para apreensão de documentos e dispositivos eletrônicos que possam evidenciar a prática. A operação visa identificar provas materiais que possam esclarecer a extensão das ações do vereador e de sua assessora. Além de possíveis mensagens e registros, os investigadores buscam informações que indiquem a existência de um sistema de benefícios irregulares na fila de exames e consultas.
Segundo o MP, a atuação em um gabinete público e em residências se justifica pela possibilidade de que provas cruciais estivessem guardadas nesses locais. Até o momento, o nome do vereador investigado e os detalhes específicos da operação não foram divulgados, pois a investigação corre em sigilo.
O impacto para a população de Cornélio Procópio
Para a população local, o caso representa uma questão de justiça e igualdade no acesso aos serviços públicos de saúde. A fila de exames e consultas no SUS é regulada por ordem de prioridade médica, e qualquer interferência política ou pessoal prejudica pacientes em condições de vulnerabilidade, que dependem exclusivamente da rede pública. Se confirmadas, as ações do vereador podem ter atrasado o atendimento de pessoas com quadros de saúde urgentes, agravando situações médicas pela demora no diagnóstico.
Moradores da cidade, como o aposentado José Oliveira, expressaram indignação com as suspeitas: “Todos têm direito ao atendimento público, mas tem gente esperando há meses. Se usaram a fila pra ganhar votos, é uma injustiça com a população”, afirmou Oliveira. A confiança nos serviços públicos é fundamental, e casos de desvio de função e improbidade administrativa afetam diretamente a percepção dos cidadãos sobre a transparência e a eficiência do sistema.
Próximos passos da investigação
Com os materiais apreendidos, o Gaeco deverá analisar registros que possam comprovar as acusações de improbidade administrativa. Caso haja evidências consistentes de manipulação da fila do SUS para benefícios próprios ou de eleitores, o vereador pode responder por atos de improbidade, com risco de perda do mandato e inelegibilidade futura. A assessoria do Gaeco não divulgou um prazo específico para a conclusão das análises, mas afirmou que dará prosseguimento ao caso com a devida celeridade.
O Ministério Público reforçou que o combate ao uso indevido dos serviços públicos é essencial para garantir a igualdade de acesso a todos os cidadãos, independentemente de classe social ou posição política.