Ministério Público investigará mensagens de ódio contra criança em Nova Fátima
Criança de 9 anos que matou 23 animais em Nova Fátima é alvo de mensagens de ódio nas redes; MP apura o caso e responsabilizará autores.
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) anunciou que irá investigar as mensagens de ódio publicadas nas redes sociais contra uma criança de nove anos que matou 23 animais em Nova Fátima, no norte pioneiro do estado. O caso, que ocorreu no último domingo (13), envolveu a morte de coelhinhos e porquinhos da índia em um hospital veterinário. O garoto foi identificado e já está sob acompanhamento psicológico e do Conselho Tutelar.
A repercussão do ato gerou indignação nas redes, onde muitos usuários criticaram de forma exacerbada a atitude da criança, levando o MP a abrir um procedimento para apurar os responsáveis pelas mensagens, que poderão ser responsabilizados por incitação ao ódio. Segundo o órgão, é importante que a situação seja tratada com cuidado, considerando a idade do envolvido e as questões psicológicas em jogo.
O caso em Nova Fátima
No domingo, o menino entrou no espaço de um hospital veterinário da cidade acompanhado de seu cachorro e matou 23 pequenos animais que estavam sob cuidados no local. De acordo com testemunhas, a criança é vizinha do hospital. Ao ser abordado e questionado sobre o ocorrido, o garoto confirmou a ação, sem conseguir explicar os motivos.
A Secretaria de Educação de Nova Fátima, responsável pela escola onde o menino estuda, informou que ele foi imediatamente encaminhado ao Conselho Tutelar e já está recebendo assistência psicológica. Segundo a secretaria, a situação está sendo acompanhada com extrema seriedade, e todas as medidas cabíveis estão sendo adotadas para o bem-estar do garoto.
Intervenção do Ministério Público
Diante da grande repercussão nas redes sociais, o MP-PR decidiu intervir para investigar as mensagens de ódio direcionadas à criança. Em nota, o órgão afirmou que qualquer forma de violência, incluindo a digital, será combatida, e que os responsáveis pelas publicações poderão responder judicialmente por incitação à violência ou discriminação.
“Estamos monitorando os ataques nas redes e tomaremos todas as medidas necessárias para proteger a criança, que já está recebendo o devido acompanhamento”, destacou o MP.
A ação do órgão também está focada em garantir que o menino tenha suporte adequado para entender e processar o que aconteceu, além de buscar evitar maiores danos à sua saúde mental.
Acompanhamento psicológico
A Secretaria de Educação de Nova Fátima ressaltou que a prioridade, no momento, é garantir que o menino receba o apoio necessário. O Conselho Tutelar já está envolvido no caso e, de acordo com as informações fornecidas pela secretaria, o garoto está em tratamento psicológico desde o início da semana.
Especialistas ouvidos pela reportagem destacam que, em casos envolvendo crianças que cometem atos violentos, o acompanhamento psicológico é fundamental para identificar possíveis traumas, distúrbios ou dificuldades emocionais que possam ter influenciado o comportamento.
“É preciso entender o contexto em que esse ato ocorreu, e o suporte psicológico pode ajudar a evitar que situações como essa se repitam”, explica uma psicóloga infantil consultada pela reportagem.
Repercussão nas redes sociais e discurso de ódio
Embora a situação tenha gerado indignação em muitas pessoas, as críticas descabidas e o discurso de ódio direcionado à criança levantam preocupações sobre o uso das redes sociais para atacar indivíduos, especialmente menores de idade.
O MP já sinalizou que, com a apuração em andamento, os responsáveis pelos ataques virtuais podem ser chamados a responder por seus atos.
É importante lembrar que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) protege menores de idade, estabelecendo que crianças não podem ser expostas a situações vexatórias ou constrangedoras, independentemente do ato cometido. O órgão enfatiza que, embora o caso cause consternação, o envolvimento da criança exige que ele seja tratado com cautela, garantindo seus direitos e a possibilidade de reabilitação.