Mudanças climáticas intensificaram furacão Milton, indica análise
Tempestade causou destruição e mortes na Flórida; fenômeno foi agravado por águas mais quentes do Golfo do México,
O furacão Milton, que deixou um rastro de destruição na Flórida, foi intensificado pelas mudanças climáticas, segundo uma análise divulgada nesta sexta-feira (11) pela World Weather Attribution, rede de cientistas que estuda o impacto das alterações climáticas em eventos extremos. O relatório apontou que o aquecimento global, impulsionado pelo uso de combustíveis fósseis, desempenhou um papel crucial no aumento da força dos ventos e na quantidade de chuva gerada pela tempestade.
A tempestade, considerada o furacão mais forte do mundo em 2024, atingiu a costa dos Estados Unidos com ventos de 290 km/h, gerando inundações, tornados e deixando milhões sem energia. Dezesseis pessoas morreram após a passagem do furacão, que foi classificado como uma tempestade de categoria 3 ao atingir a região de Siesta Key, na Flórida.
O impacto das mudanças climáticas
De acordo com a análise, o furacão Milton foi amplificado por águas do Golfo do México, que estavam cerca de 2 a 3°C acima da média. Esse aumento na temperatura, provocado pelo aquecimento global, acelerou a intensificação do furacão, que passou rapidamente de categoria 2 para categoria 5, com ventos que chegaram a 290 km/h.
Segundo os cientistas, as mudanças climáticas aumentaram a intensidade dos ventos de Milton em 10%. Sem essa influência, o furacão teria atingido a costa com a força de uma tempestade de categoria 2. Além disso, tempestades com força semelhante a Milton são agora 40% mais prováveis por causa do aquecimento global.
Chuva e inundações recordes
Além dos ventos, o furacão Milton trouxe 20 a 30% mais chuva do que seria esperado sem a influência do aquecimento global. A cidade de St. Petersburg foi particularmente afetada, recebendo 457 mm de chuva, sendo que mais de 228 mm caíram em apenas três horas, o que, segundo especialistas, é um evento que acontece apenas uma vez a cada 1.000 anos.
O relatório indicou que tempestades com esse nível de precipitação se tornaram duas vezes mais prováveis devido ao aquecimento global, com os oceanos mais quentes alimentando a formação de chuvas intensas.
Contexto climático
O aquecimento dos oceanos, que acumulou 90% do calor gerado pelo aquecimento global nas últimas décadas, é uma das principais razões para a intensificação de furacões como Milton. As águas mais quentes fornecem energia adicional às tempestades, fazendo com que elas se intensifiquem rapidamente e cresçam em força. Esse fenômeno, conhecido como intensificação rápida, está se tornando mais comum à medida que as temperaturas dos oceanos continuam a subir.
Furação Milton e a destruição na Flórida
Milton atingiu a costa da Flórida como uma perigosa tempestade de categoria 3, causando destruição generalizada. Ventos de até 160 km/h foram registrados perto de Tampa, enquanto cidades como Siesta Key sofreram com casas destelhadas, árvores arrancadas e inundações severas. Em alguns pontos, a força da tempestade chegou a derrubar um guindaste.
O furacão deixou mais de 3 milhões de pessoas sem energia e causou a morte de 16 pessoas, de acordo com as autoridades locais. Milton foi o terceiro furacão a atingir a Flórida em 2024, intensificando a vulnerabilidade da região a desastres climáticos.
